Dimensões (altura x largura x profundidade): 38 x 42 x 10 cm
Peso: 0,10 kg
Origem: Estado de Pernambuco (Nordeste do Brasil)
História: Marcos Paulo Lau da Costa (ou Marcos de Sertânia, nome da cidade onde vive) é um dos mais importantes escultores em madeira de Pernambuco, um dos mais pobres estados do Brasil, frequentemente assolado pela seca. Suas esculturas mais conhecidas retratam a cadela “Baleia”, personagem do livro “Vidas Secas” de 1938, do escritor Graciliano Ramos, considerado um dos maiores clássicos da literatura brasileira.
“Baleia” era uma cadela esquálida que acompanhava uma família que emigrava à pé do interior da região nordestina, buscando escapar da seca e da fome, passando por situações dramáticas ao longo da sua trajetória. Com um trabalho marcado pela dramaticidade, Marcos expõe, através da madeira, a angústia provocada pela seca nos corpos de personagens severamente magros, descarnados, pronunciando o sofrimento e a desolação do sertão. “Vivi tudo isso aí que coloco no meu trabalho”.
Quando menino morava na zona rural, e aproximou-se da arte nas frequentes visitas à casa do avô e tios quando ía à cidade, pois a arte de esculpir a madeira para a produção e venda de pequenas esculturas e utensílios domésticos era tradição familiar. Da investigação curiosa das ferramentas foi se dando o aprendizado. “Ninguém tinha tempo para ensinar”. Assim, Marcos fazia tentativas de reproduzir o que os mais velhos faziam: a figura do boi, da vaca, carro de boi carregado de lenha, de água, coisas que testemunhavam no sertão. Mas tudo que fazia no começo era mais fino que as esculturas dos mais velhos, que falavam que estava tudo errado. Mas ele persistiu e seguiu esculpindo, e suas esculturas diferentes se tornaram a sua marca registrada.
E foi assim que sua consagrada peça começou a ganhar o mundo: “As pessoas passaram a encomendar apenas o cachorro porque achavam uma peça bonita ou tinham e gostavam de cães”. Daí pra frente nunca mais parou. Suas peças estão espalhadas em coleções particulares pelo Brasil e exterior, e já foram comparadas ao escultor brasileiro Portinari e ao artista plástico e escultor italiano Amedeo Modigliani.
Hoje ele cria oportunidades de trabalho e renda para dez pessoas próximas, e cerca de cinco artesãos independentes que o ajudam e, simultaneamente, desenvolvem sua própria arte, gerando renda numa região que, mais de 80 anos depois dos fatos narrados em “Vidas Secas”, ainda apresenta desafios para a sustentação de seus moradores.