Habitantes do Parque Indígena do Xingú, o povo Waurá possui uma complexa e fascinante mito-cosmologia, na qual os vínculos entre os animais, as coisas, os humanos e os seres extra-humanos permeiam sua concepção de mundo e são cruciais nas práticas de xamanismo.
O povo Waurá é descendente direto de vários grupos imigrados do extremo sudoeste da bacia amazônica e que estabeleceram as primeiras aldeias na área do Rio Xingú a partir dos anos 800 e 900. Os Waurá são bastante conhecidos por sua milenar cerâmica, sendo responsáveis pelo fornecimento de potes e assadores para todos os grupos que habitam o Alto Xingu. Além dela, muitos outros itens de sua cultura material continuam sendo fabricados, inclusive aqueles que poderiam ter sido facilmente substituídos por objetos industrializados, mas por motivos simbólicos continuam a desempenhar seu papel de reprodução da cultura Waurá. É o caso dos bancos de madeira, que seguem uma estética semelhante à das vasilhas de cerâmica em forma de animais, tendo de cada lado do assento a cabeça e cauda da espécie representada. Além da cerâmica e do entalhe da madeira, os Waurá também são conhecidos pelo grafismo de seus cestos, sua arte plumária e suas grandes máscaras rituais.